sexta-feira, 3 de maio de 2019

Invasão de espécies exóticas em Santa Catarina

     Ao todo, 543 espécies estão listadas na Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, relatório lançado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Em Santa Catarina, quase 20% delas estão presentes: é um dos estados que mais sofre com o problema no Brasil. É considerada exótica a espécie que está fora de sua área de distribuição natural. Uma parcela pode se proliferar e ameaçar o ecossistema local. Quando isso acontece, elas passam a ser consideradas “espécies exóticas invasoras” – e viram sinônimo de problema. As invasões biológicas já são a segunda maior causa de extinção de espécies em todo o planeta, atrás apenas da exploração comercial, que envolve caça, pesca, desmatamento e extrativismo, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).


     Para pesquisadores, o maior obstáculo hoje é conscientizar a população sobre a relevância do tema. Cortar árvores estrangeiras, como o pinheiro americano, e caçar animais como o javali não são ações imediatamente vistas como benéficas. A aparente crueldade das soluções propostas provoca maior rejeição do público, acredita Michele Dechoum, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Por outro lado, o risco é chegar no extremo oposto, quando somente as espécies passam a ser vistas como culpadas pelos problemas, alerta Alex Nuñer, também professor da UFSC. “Os animais não têm exatamente culpa. (...) A gente precisa entender que o problema é global e que está ligado ao homem.” - Alex Nuñer, professor da UFSC

De espécie nativa a exótica invasora

A introdução de espécies exóticas em ambientes naturais pode ocorrer de diversas maneiras. São quatro os motivos mais comuns: Interesse comercial, transporte marítimo, tráfico de animais, transporte involuntário.

Javalis
Os javalis, que causam enormes prejuízos para produtores de milho no interior de Santa Catarina, foram trazidos da Europa e do Uruguai para criação comercial nos anos 1990. Depois de fugirem de seus criadouros, às vezes cruzando com porcos domésticos criados soltos, eles deram origem a uma população selvagem estimada de 200 mil animais apenas em Santa Catarina.

Pinheiro americano
O pinheiro americano também foi trazido para o país por conta de interesses econômicos. Muito utilizada em plantios florestais, a árvore tornou-se invasora porque foi introduzida em ambientes naturais sensíveis e suas sementes espalham-se rapidamente. Por conta da ação do vento, cada semente pode percorrer até 60 quilômetros. A maior parte das espécies invasoras terrestres é trazida por interesse comercial e levada voluntariamente a novos ambientes. No entanto, algumas invasões biológicas começam involuntariamente. Isso pode acontecer com sementes misturadas às de uso agrícola, patógenos e a maior parte dos insetos.

Mexilhão-dourado
No caso das espécies aquáticas que constituem invasões biológicas, a introdução geralmente está associada ao transporte marítimo. É o caso do mexilhão-dourado, molusco de água doce nativo da Ásia que foi introduzido no Brasil por meio da água de lastro de navios cargueiros.

Saguis
Além das formas de introdução que são comuns no mundo todo, o Brasil sofre ainda com os efeitos do tráfico ilegal de animais silvestres. Em Santa Catarina, os saguis, que são uma ameaça à biodiversidade em Florianópolis, chegaram nos anos 1960 na boleia de caminhoneiros que os traziam do Nordeste como animais de estimação. “Muitas vezes as pessoas não têm conhecimento do animal que estão adquirindo, não tem conhecimento de como é criar um animal silvestre em casa e acabam desistindo e soltando esses animais na natureza", explica Elaine Zuchiwschi, do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).

No Parque Estadual do Rio Vermelho, em Florianópolis, um centro de reabilitação recebe animais silvestres que são apreendidos em operações da Polícia Ambiental em todo o estado. Em um esforço para conscientizar a população, alguns dos animais recebidos acabam expostos em recintos visíveis para os visitantes que fazem visitas guiadas no parque.



Confira o artigo na íntegra acessando o link: https://g1.globo.com/natureza/desafio-natureza/noticia/2019/04/23/20percent-das-especies-exoticas-invasoras-no-brasil-estao-em-sc-e-causam-prejuizos-para-natureza-e-economia.ghtml

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